A História: A Coutada real, em 1520, uma criação do rei D. João I, com extremas, até Benavente, Coruche e Almeirim, tinha como sua pertença, os lugares de Moita Paredes, Ameixoeiro e Magos, nomes que vêm mencionados em 1295, no Foral de D. Dinis. Naquela propriedade real, era proibido apanhar qualquer peça de caça, especialmente animais de pelo, como: Javali, Coelho e Lebre. Também no bacio de águas do Ameixoaeiro, era proibido apanhar Patos, tal caçada furtiva dado azo ao caçador, ser deportado para as terras de África, pertença do reino de Portugal. Em 1758, A Coutada real, é uma “Paraíso”, até porque D. Pedro II, mandou repovoar de floresta a zona do Paul de Magos, escrevia o padre da vila, José Miguel Cerqueira, num questionário para a Fazenda Real. Naquele documento, informa que os terrenos pertencendo à vila e freguesia de Salvaterra de Magos, eram de Charneca para sul, e de aluvião, mais para norte, bem perto do rio Tejo. Com os pequenos “sítios” conhecidos por: Culmieiro, com nove vizinhos, Misericórdia, com uma, Coelhos, com cinco, Cabides, com dois e Figueiras, com seis. Também junto a um grande curso de água, que vem de outras terras, existe o lugar de Bilrete de Cima, com nove vizinhos
A Riqueza das suas terras: Nos seus terrenos, existiam algumas zonas cujas terra eram conhecidas como “milagrosas”, pois nasciam águas e plantas, que o homem aproveitava para curar os seus males. No Vale de Unheiros, no Paul de Magos, num pequeno Olho de Água, brotava um liquido que o povo usava como chá.
“ Quem bebe-se dele, passaria a ter mais vontade de comer !”
No sítio do Moinho de Magos, existia uma planta, ou erva chamada de “divina”, que tinha grandes efeitos sobre doenças, como a hidropisia. O bruco, erva de grande poder curativo das vias urinárias, também se colhia no Paul de Magos.
O Aforamento: Com a extinção das Coutadas Reais, em 1821, a Junta da Paróquia de Salvaterra de Magos, mandou “aforar” em 1845, aqueles terrenos que, viriam a ser séculos depois freguesias do seu concelho. As terras de Salvaterra, já tinham tido uma primeira “colonização”, com gente vinda da Flandres e, assistia-se agora a uma mudança de famílias; os Foreiros , a desbravar as terras, usando o sistema “Enfiteuse”, um sistema de usar terras, ainda muito praticado em Portugal pelos senhorios, já conhecido dois séculos a.C., que os romanos usaram.
A Agricultura: Durante anos, os Foreiros, viveram da terra, com searas de sequeiro, onde as colheitas eram, o grão de bico, a fava, o milho, o centeio e a vinha. Eram as culturas mais usadas. Os Poços, e algumas terras mais frescas outrora de “pântanos” do Paul de Magos, produziam culturas como o hortado e o arroz, que foram dando lugar aos Furos Artesianos, a grande profundidade, como era visível, no dobrar do séc. XX.
O Sobreiro, que restava da sua charneca veio a conviver com o Pinhal e o Eucalipto, no final do séc. XIX, sendo a vinha anos depois a cultura mais usado, pelo homem foreiro.
Esta última foi substituída, pela cultura da batata, tomate e outras de curta duração, passando a rega a ser muito usada. A criação do cavalo, tinha nestas terras, grande aceitação, pela qualidade do seu solo.
A Barragem de Magos; As águas nascidas e até as dos grandes Invernos, no Vale do Ameixoeiro (Várzea Fresca), aconselharam os governantes do país, a iniciar a primeira grande obra de engenharia hidráulica. Em 1934, construíram ali um grande reservatório hídrico.
A Posse da terra: querendo deixar os sistemas usados: Exploração directa, Parceria ou Arrendamento, uma nova oportunidade, surgiu na vida dos Foreiros, depois do 25 de Abril de 1974, com as nacionalizações e ocupações de terras, em Portugal.
A sua luta pela posse da terra, especialmente no lugar da Várzea Fresca, na zona a que chamavam de “Califórnia”, vinha desde 1954, em muitos casos já pela 4ª geração de Foreiros. As primeiras parcelas de terreno compradas, conforme previa o Dec.Lei 39.917, foram vendidos a 3.000$00 e 2.500$00 réis.
Uma petição, apoiada por alguns Deputados deu entrada na Assembleia da República, em 1976, levou à discussão e aprovação do Projecto de Lei 343/IV, o que legalizou aquela vasta área de terreno, conseguindo assim o povo foreiro a concretizar um desejo que durava há muitas dezenas de anos.
Elevação a Freguesia: Com o Decreto-Lei 73/84, de 31 de Dezembro de 1984, subiu à categoria de Freguesia, numa iniciativa dos Deputados Partido Socialista (PS), na Assembleia da República, deixando de pertencer à sua terra-mãe, Salvaterra de Magos, ocupando uma área de 35,60 Km2, com cerca de 5.000 habitantes.
Etnografia: Conserva o povo Foreiro, os usos e cosrumes que recebeu da sua terra-mãe, e tem no Rancho Folclórico, o seu grande divulgador.
Edifícios Religiosos: Tem uma Igreja Matriz, que ostenta a imagem de Nª Sª da Conceição, sua padroeira, tendo festa própria. No lugar da Várzea Fresca, existe uma Igreja.
Brasão e Bandeira: Ordenação do Brasão – Escudo de Verde, com cavalo de prata realçado de negro, entre duas espigas de arroz também de cor prata. Em chefe; Concertina de prata, guarnecida de ouro; Em Campanha; Tomateiro arrancado, de prata e fruto de ouro. Coroa mural; Prata de três torres. Listel; Em branco com legenda a negro – Foros de Salvaterra * Na Bandeira; Amarela, cordão e borlas de ouro. Haste e lança de ouro.
JOSE GAMEIRO
Nota: Extraído da Colecção: Recordar, Também é Reconstruir! * Apontamentos -Nº 2, edição revista “ Foros de Salvaterra – Uma terra que já foi Coutada real”
Outras publicações neste site, que referem os Foros de Salvaterra:
* Uma galinha para dois, que eram três e ainda sobrou galinha – 16.04.2008
* Os casamentos, em carroças acabaram ! – 06.12.2008
* O Natal de outros tempos ! – 18.12.2009
* Padre José Rodrigues Diogo – Um sonho, torna-se realidade ! – 08.02.2010
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