CRÓNICA DO NOSSO TEMPO !
QUANDO O ZÉ DOS SANTINHOS – MISTURAVA,
a venda de artigos Religiosos com outros produtos.
O séc. XX, tinha dobrado à um ano, o Outono já dava mostras da sua chegada – havia dias que chovia. Era tempo de iniciar um novo ano escolar. Manhã cedo, uma meia dúzia de mães estavam com os filhos junto ao grande portão de madeira, esperando a abertura da escola.
- Alguns com bata branca vestida, e com uma pequena mala de cartão, outros traziam um saco de linhagem – onde tinha a pedra para escrever, alguns cadernos, livros de leitura e geografia.
- Entre os novos alunos daquele ano, estava o Manuel Farinha dos Santos, já conhecido entre o rapazio das barracas pelo “Manel dos Santinhos”, estava acompanhado pelo pai – José dos Santos.
- Este, tinha chegado havia poucos anos a Salvaterra de Magos, foi ocupar uma barraca vazia atrás do cemitério. Era homem de poucas falas, e os vizinhos não sabiam de onde tinha vindo com a família.
Sendo portador de deficiência arrastava a perna esquerda, necessitando de uma bengala para se movimentar.
- A chamada dos novos alunos foi feita pela empregada; Joaquina Magalhães, que nos foi indicando as carteiras em madeira.
Os 40 alunos já sentados – 2 a 2 ( foi meu companheiro; Manuel Marques Francisco), estavam calados - o barulho não se ouvia na sala.
- Com a entrada do professor; Armando Duarte Miranda, homem usando óculos de lentes grossas, e penteado com o cabelo escorrido na cabeça, todos se levantaram, e disseram bom dia – em coro !...
- A empregada Magalhães, já nos tinha ensinado tal forma de cumprimentar o nosso docente, e assim iniciamos o primeiro dia de aulas de uma nova etapa das nossas vidas.
- Em 1957, quando entrei no mundo do trabalho, na Central das carreiras, estas ainda paravam no Largo do Lopes, em frente à escola primária “O Século”, o José dos Santos, chegava sempre pela manhã, algum tempo antes de apanhar o transporte, que o levaria a Benavente – seu local de venda.
Era de vê-lo, de casaco vestido e boné na cabeça, apoiando-se na bengala, com uma pequena mala de cartão/ ou por vezes com um saco na mão esquerda. A tiracolo, tinha dias que usava um saco onde tinha uma “bucha” para comer durante o dia.
- O José dos Santinhos, como era conhecido por aqui nestas terras vizinhas, sentava-se num banco daquele jardim, e logo ai tinha clientela.
O seu negócio, era pelas ruas de Benavente, e sendo de pequena monta; tinha na mala alguns baralhos de cartas, fotos com pornografia, calendários de bolso, e no campo religioso não deixava de ter; fotos de santos, crucifixos e terços.
- Os pequenos “botões” de cortiça que vendia, eram velas (para colocar num copo com azeite, onde o pavio se conservava durante horas a arder, guardava – os num pequeno saco.
- Alguma clientela; já homens feitos, ao ouvido falavam-lhe nas pequenas caixinhas com preservativos, tinha-as guardadas nas algibeiras interiores do casaco.
- Ao cair da tarde, de regresso daquela vila vizinha, lá estava ele perto da ponte (nos arredores da Pensão Grilo) na esperança de uma boleia, que não tardava, deixando- o em Salvaterra, na estrada em frente do Cemitério.
- José dos Santinhos, ao iniciar a caminhada pela areia solta, até à sua barraca passava ao lado do Forno da Cal, mas ainda tinha tempo de beber uma boa “golada de água”, na torneira do fontanário construído, junto à taberna do João da Quinta !.
*José Gameiro
Nota: Foto usada – Livro “Benavente: A fotografia na 1ª metade do século XX” – edição CMBenavente
*Faceboock – José Gameiro
06.10.2018
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