OS DIAS QUE SEGUIRAM AO 25 DE ABRIL DE 1974
EM SALVATERRA DE MAGOS
Recordações:- Alguns detalhes
Corria o ano de 1974, a revolução, ficou conhecida como “Revolução dos Capitães de Abril” na madrugada do dia 25 de Abril. Um grupo de militares revoltosos, tiveram êxito. Dar Liberdade de expressão ao povo, que estava saciado daquele bem, desde que Salazar instituiu em Portugal, o Estado Novo – com uma Ditadura, foi uma das promessas que se cumpriu, além da saída dos presos políticos da cadeia. Ao longo desse tenebroso tempo ditatorial, muitos activistas de Salvaterra de Magos, pugnavam especialmente pela liberdade política, juntando-se a outros conotados com o Partido Comunista Português – PCP, que operava na clandestinidade e outras organizações, afim de terem mais força na concretização dos seus ideais.
Pelas suas lutas, sempre na clandestinidade, alguns conheceram as prisões do Estado Novo, foram presos e torturados pela sua polícia política - a PIDE. Logo após a revolução, porque não comungavam dos ideais comunistas, e estes mostravam já no terreno as suas afinidades com o regime totalitário da União Soviética. O Partido Comunista Português, tinha alguns activistas e militantes em Salvaterra de Magos, bem conhecidos e uns meses depois, o comportamento político, do PCP, no período do PREC (Período Revolucionário em Curso), que se distanciava, dos seus ideais políticos, aderiram ao programa do Partido Socialista (PS).
Nesse grupo notavam-se os antigos apoiantes da CEUD - Comissão Eleitoral de Unidade Democrática de 1969 de Salvaterra, entre eles, Leonardo Ramalho Cardoso, Mário da Silva Antão, Manuel Gonçalves da Luz, José Luís Serra Borrego. Os jovens Joaquim Mário Cardoso Antão e seu primo; Paulo Cardoso, eram os rostos mais visíveis, também acabaram militantes e membros locais da Juventude Socialista. A grande afluência de novos inscritos diariamente, levou à criação da sede concelhia do PS, que teve lugar na Avenida José Luís Brito Seabra, numa velha casa do Conde Monte Real. Com o decorrer dos meses, a grande dinâmica manifestada pelos jovens Antão e seu primo Cardoso, levou a atrair à sede da secção grande número de jovens e adolescentes ansiosos por saber como se vivia em Liberdade.
Era ali, um bom local de escola política, tendo Paulo Mendonça Coelho passado a ser um grande activista daquela juventude. Uma década depois, um novo "surto" de jovens frequenta a sede local do PS, assistindo às várias palestras politicas sobre o programa daquele partido - uma iniciativa do muito jovem, Nuno Mário Antão, que dava os primeiros passos nesta área, mostrando estar na peugada do avô; Mário da Silva Antão e de seu pai; Joaquim Mário Cardoso Antão.
As relações politicais locais com o PCP, decorriam com normalidade, não deixando, os dirigentes locais do PS, de dar uma ajuda ao núcleo daquele partido em Salvaterra de Magos – intercedendo que tivessem um espaço onde pudessem reunir, visto existirem grandes dificuldades no arrendamento na terral. Algum mobiliário também foi disponibilizado.
Com o decorrer dos meses, já no inicio de 1975, as relações politicas locais deixaram de ter uma coexistência pacifica, pela pratica que levavam nas ocupações, como foi o caso de prédio urbano da família Lapa, na rua Cândido dos reis, refletindo o que estava acontecendo a nível nacional. Os cartazes do CDS, colados na parede da praça de toiros foram rasgados. Os cartazes que anunciavam o aparecimento da nova central sindical União Geral dos Trabalhadores – UGT, fundada maioritariamente pelos sindicalistas sociais-democratas e socialistas, colados no muro da antiga Horta do Sopas, numa madrugada, apareceram caídos de branco. O dinamismo dos seus dirigentes locais, especialmente: Mário da Silva Antão e seu filho: Joaquim Mário Cardoso Antão, organizavam já no final de 74 e inicio de 1975, quási diariamente comícios e sessões de esclarecimento em Salvaterra e no concelho, sendo o povo da Freguesia Glória do Ribatejo, o que se caracterizava com os desejos de mais saber sobre os ditames do que era viver em Democracia.
Naquela freguesia, as sessões de esclarecimento, contaram com a presença de figuras nacionais do PS como: Mário Soares, Maria Barrosa, José Niza, Jaime Gama, Manuel Alegre, António Reis, entre outros tal como era diária a sua presença na sede do concelho.
A juventude gloriana com tal dinâmica levou ali à criação de uma sub-comissão concelhia daquele partido político. Outras forças partidárias, que tentavam uma implantação na terra, também organizavam aqui, em Salvaterra as suas actividades mobilizadoras., como o PPS e CDS, mas o número de aderentes era pouco expressivo, até o PPM andou por aqui.
Em Salvaterra, a Praça de Toiros, Casa do Povo, Cinema Conde Arcos, eram espaços utilizados, além de palcos improvisados em atrelados, no centro da vila. Aqui o povo acorria e esgotava na ânsia de tomarem conhecimento da oferta do programa partidária do Partido Socialista.
O corte de relações politicas locais com o PCP, quando da tentativa dos seus militantes e simpatizantes no boicote de uma sessão de esclarecimento, em Abril de 1977, sobre a “Reforma Agrária”, no Cinema da vila. Ali foi o “estalar do verniz”, entre os dois partidos políticos a nivel nacional, títulos que muitos jornais usaram na primeira página, descrevendo com pormenores a ocorrência e alguns aludiam “Só à bomba!...”
Foram gritos que foram ouvidos dentro da sala, pelos opositores.
Os militantes socialistas da terra, estiveram sempre em grande numero nas grandes manifestações a favor da democracia no país. Em 1975, Lisboa (Fonte Luminosa), Ralis, e Campo Pequeno. Em Rio Maior, o confronto que ali ocorreu, ficou famoso pela manifestação das “Mocas” – foram usados pedaços de madeira, que pareciam tacos de basebol. Esteve ali, iminente o início de uma guerra civil (norte contra o sul).
Leonardo Ramalho Cardoso, vinha exercendo o cargo de Presidente da Câmara na condição provisória, desde a destituição dos antigos autarcas, chefiados por António Pombeiro Fevereiro. Nas primeiras eleições constituintes, realizadas em 1976, e nas Autárquicas, aqui em Salvaterra de Magos, o PS, foi o partido mais votado, situação que se verificou em outros actos eleitorais seguintes.
*JOSE GAMEIRO
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