estava-se a meio da década de 40, do século passado. O movimento da população nas ruas de Salvaterra de Magos, era de pouca agitação, o trânsito automóvel não incomodava, apenas o barulho das guizeiras no pescoço dos aninais e das rodas das carroças, com o ferro a cilindrar a pedra das ruas se ouvia à distância. Da rua Debaixo dos Arcos, até à rua de Água, era pulo, para os meus 4/5 anos de idade. Volta na vira, lá estava eu em casa dos meus avós Paternos, as suas cabras no quintal encantavam-me. Em tempos, fiz a recolha e fiz um estudo da minha Árvore Genealógica com origem nos meus pais, levou cerca de 20 anos. Agora ao fazer pequenos ajustes, não deixo de aqui publicar umas pequenas linhas do que lá consta. - São recordações: "
António Cantante, nasceu em 1886, cedo foi para a faina do campo, pois já os seus antepassados daí tiravam sustento. O jovem António, depressa ficou também a ser conhecido pela alcunha de “Pataco” enraizada em alguns ramos da família. Nos trabalhos do campo, conheceu a Grade e, a Lavoura em Linha, passando pela Campinagem de gado bravo, profissão que vinha do pai, e já abraçada por alguns irmãos terminando a sua faina, como pastor de Éguas Afilhadas, raça Lusitana, na casa do Médico Vet. José de Menezes. Enamorado de EMILIA DO ROSÁRIO, casou em 1913. A Emília Rosário, tinha vindo num rancho de “barroas” trabalhar para Salvaterra de Magos, e daí tiveram um relacionamento amoroso, já destinado a casamento. Esta era filha de José Gameiro e de Joaquina Maria, nascida em Colmeias, Albergaria dos Doze – Leiria, A família Gameiro, naquela terra da Beira, tinha a alcunha “Siopa”.
Como era hábito vindo de muitos anos atrás, daquelas paragens beirãs vinham Ranchos de mulheres que integravam jovens moças (rancho das barroas), que aquartelavam por toda Lezíria ribatejana, desde a Primavera fazendo uma estadia de trabalho que durava até ao findar das ceifas. Em 1914, nasceu o primeiro filho, aquém foi dado o nome de José Gameiro Cantante, porque a jovem, Emília, pretendia que o seu casamento e, o baptismo do filho fossem legitimados, pelo apadrinhamento de um seu irmão (José Gameiro) emigrante no Brasil, esperou cerca de um ano a sua chegada, concretizando assim os seus desejos O Casal, António Cantante e Emília, por volta de 1950, morando numa casa na Rua de Água, com os filhos ainda solteiros, tinham no quintal uma pequena cabrada, de perto de uma dúzia de animais. Estes ao saírem manhã cedo para a pastagem nos terrenos públicos, ali perto do grande bebedouro de água para animais (trás-de-monturos), atravessavam a casa pelo corredor, com o chão de terra negra (1), e deixavam-no cheio de pequenas bolas de fezes que mais pareciam azeitonas negras. A Emília, ali em casa ordenhava e fabricava queijo, segundo a aprendizagem adquirida na sua terra natal, enquanto menina. Algumas vezes, eu, com os meus 5/6 anos de idade acompanhei o meu tio Luís Gameiro, a pastar o gado, e também no tempo primaveril lá íamos ao valado da Vala Real, ali mesmo juntinho à Ponte, recolher flores do cardo, para minha avó fazer a sua secagem à sombra, durante largo tempo, servindo depois para coalhar o leite, na feitura dos queijos. Era de ver, e encantava-me, a destreza das mãos, quando fazia a ordenha. Tal método passou a usar, nas vacas, quando a família se instalou no sítio do Rego, num terreno do Agricultor; José de Menezes, antigo patrão do meu avô, quando foi guardador de várias Eguadas da raça lusitana. Ali, construíram para viver uma barraca em madeira velha e caniço, e uma outra para albergar algumas cabeças de gado, especialmente vacas, ovelhas e cabras. O seu sustento vinha da venda de alguns vitelos, e do leite que vendia à população, pelo preço 2§50, a tirar do animal. O gado, pastava nos valados dos arredores, local com muita erva, pela humidade – por ali existir alguns tanques de água, onde as mulheres lavavam a roupa. O Luís, filho mais novo por vezes ajudava o pai/meu avô, no pastoreio do gado. ********* (1)– Na época, o chão das casas, das gentes rurais, era pavimentado, com terra de Aluvião, cheia de goma, sendo periodicamente passado a água, com um pano, ficando húmida e luzidio – chamado chão de solão."
Fotos: 1) -1960 - Vaca leiteira, afilhada, pastoreando junto aos poços do Rego
2) 1960 - José Gameiro, com seus avós Paternos, no Rego
JOSÉ GAMEIRO
Longe vai o tempo, o séc. XX, já tinha dobrado havia 6 anos, quando eu, ainda rapaz vi carros de corrida na minha terra. Era um domingo, a tarde dava sinais de chegar, o Largo dos Combatentes, tinha-os arrumados em tudo quanto era espaço. Cobertos e Descapotáveis, era de vê-los, por ali juntinhos às dezenas Motos de várias formatos e potências. O povo não deixava de “arregalar” os olhos para tanta novidade para a época. O rapazio, esse, corria de um lado para o outro, vendo aquelas “bombas” conforme chegavam. Os pilotos tinham almoço destinado no Café Ribatejano. Um dos carros que chamava mais atenção, estava mesmo em frente dos grandes portões da Adega do Gaspar Ramalho. O entusiasmo, pelas corridas de automóveis, mantinha-se em Portugal, nos anos 20/30, acentuou-se as provas,de Rallys, que se realizavam todos os fins de semana, integrados nos festejos das terras,pelo país fora. Ainda estava na memória das gentes de Salvaterra de Magos, a corrida de Jorge Monte Real (Conde Monte Real), proprietário-agricultor na vila, grande participante nestes eventos desportivos. Em 1936, esteve na prova Porto – Santarém, integrada na Exposição-Feira Distrital de Santarém, que teve lugar naquela cidade ribatejana. Salvaterra de Magos, teve os seus Rallys, em 1956, era a segunda prova , onde o “roncar” dos motores dos carros e motos, estiveram em prova entre fardos de palha, na avenida principal da vila, depois de terem feito alguns Kms, em prova livre por terras vizinhas. Os anos passaram, a minha memória era um "baú", guardava este espectáculo do tempo de rapaz. Um dia, talvez por volta de 1975, o Dr. José Asseiceira Cardador, ofereceu-me um exemplar do livro, que deu azo à sua prova de Licenciatura, em Coimbra. Entre alguns recordações, não deixou de mostrar-me uma pequena “chapa” esmaltada a azul, numerada, que estava pendurada numa parede do quintal da sua casa – era a inscrição usada nos Ralys Automóvel de Salvaterra de Magos. Afinal, ele quando na flor da idade, tinha sido grande entusiasta destas provas, e as duas realizadas em Salvaterra, foram por ele organizadas, o patrocínio da Misericórdia local. Agora, cerca de 60 anos depois, uma nova pistas sobre a realização destes antigos eventos desportivas, levou-me a ler a Revista francesa “Le Gasoline” edição Abril deste ano. Um amigo, de regresso daquele país, não deixou de presentear-me um exemplar. A curiosidade voltou, e encontrei no Faceboock um Post de José Cardoso de Melo, onde mostrava a foto do carro que venceu o Rally de 1956, de Salvaterra de Magos. Era agora o seu proprietário, que guardava como relíquia . ****** Nota: Fotos extraídas com a devida vénia do Faceboock e Revista “Revista Le Gasoline” JOSÉ GAMEIRO
. DATAS MEMORÁVEIS
. OS MEUS BLOGS
. PATRIMÓNIO DE SALVATERRA DE MAGOS
. LITERATURA SOBRE SALVATERRA DE MAGOS
. HISTÓRIA DE SALVATERRA DE MAGOS
. DADOS SOBRE O AUTOR
. APRESENTAÇÃO DO AUTOR - INDICE DOS TITULOS
. LIVROS EM FORMATO DIGITAL (PDF)
. LIVROS EM FORMATO DIGITAL (PDF) (COLEÇÃO COMPLETA) (GOOGLE DRIVE)
. HISTÓRIA DO CLUBE DESPORTIVO SALVATERRENSE
. OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SALVATERRA DE MAGOS
. SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DOS FOROS DE SALVATERRA
. SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA EM SALVATERRA DE MAGOS - SÉC XIX, XX, XXI
. HOMO TAGANUS (AFRICANOS EM PORTUGAL) - CONCHEIROS DE MUGE
. SALVATERRA DE MAGOS - VILA HISTÓRICA NO CORAÇÃO DO RIBATEJO
. CLUBE ORNITOLÓGICO DE SALVATERRA DE MAGOS - A SUA HISTÓRIA
. A TRANSPORTADORA SETUBALENSE
. ÁRVORE GENEALÓGICA DAS FAMÍLIAS BASTOS FERREIRINHA E LOPES (materno)
. ÁRVORE GENEALÓGICA DAS FAMÍLIAS CANTANTE, SILVA, NEVES, TRAVESSA E GAMEIRO (paterno)
. SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA MISERICÓRDIA DE SALVATERRA DE MAGOS
. SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA - BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SALVATERRA DE MAGOS - 2ª EDIÇÃO
. PALÁCIO DA FALCOARIA - FALCOARIA REAL DE SALVATERRA - 2ª EDIÇÃO
. A VILA DE SALVATERRA DE MAGOS - 2ª EDIÇÃO
. OS DIAS QUE SE SEGUIRAM AO 25 DE ABRIL DE 1974 - 2ª EDIÇÃO
. RESENHA GENEALÓGICA DESCRITIVA - FAMÍLIAS FERREIRA ROQUETTE & BRITO SEABRA
. OS IRMÃOS ROBERTO(S) - UMA DINASTIA DE TOUREIROS - 2ª EDIÇÃO
. GREGÓRIO FERNANDES E SEUS FILHOS, REFERÊNCIAS NA HISTÓRIA DA MEDICINA PORTUGUESA DOS SÉC. XIX E XX
. SALVATERRA DE MAGOS, CRÓNICAS DO NOSSO TEMPO - I VOLUME
. CADERNOS DE APONTAMENTOS Nº 0 - 6 (VOLUME I)
. CADERNO DE APONTAMENTOS – Nº 7 - 13 (VOLUME II)
. CADERNO DE APONTAMENTOS – Nº 14 - 22 (VOLUME III)
. CADERNOS DE APONTAMENTOS Nº 23 – 29 (Volume IV)