Quinta-feira, 25 de Abril de 2013
Não me diga, senhor José. Vou todos os dias, para a câmara e nunca vi, o que está a relatar.
Foi a resposta, que recebi, em 2008, numa Assembleia Municipal, quando indaguei como cidadão indignado, perante todos os autarcas do concelho, o porquê de tamanho ataque às andorinhas, destruindo os seus ninhos, no edifício camarário, em plena época de criação.
Realmente, a frieza, o sarcasmo, o cinismo estavam ali bem presente na pessoa de quem detinha o poder. Alguns dos os presentes, mesmo os não conotados politicamente com a presidente da câmara, aceitaram com o sorriso mal disfarçado, baixando e acenando a cabeça.
Um ano depois, ripostando ao Post, de 3 de Março, que coloquei neste blogue, sobre o mesmo assunto (os ninhos tinham sido novamente destruídos), logo veio uma voz serviçal, ripostar tanta audácia e desaforo da minha parte, pondo eu, em causa quem detinha o poder.
Há precisamente 42 anos, em 1971, um outro servidor do poder, com grande força discricionária no aparelho do Estado, chefiava o posto da GNR, que naquele tempo estava sedeado no rés-do-chão do edifício municipal. O Cabo, Acácio (mais tarde promovido a Sargento), pessoa mal amada pelo povo de Salvaterra de Magos, um dia chamou-me, ao Posto, e com ameaças de maiores dissabores, deu-me uma bofetada, pois eu, tinha noticiado no jornal “Aurora do Ribatejo”, que os ninhos das Andorinhas, na Câmara, tinham sido destruídos, edifício tinha que ser pintado, dentro de dias haveria uma festa solene. Mais me aconselhou (impôs) que deixa-se de estar ligado ao jornal.
Exposto o assunto ao diretor do jornal, que resolveu o assunto de mutuo acordo, passaria eu, a usar um outro nome – José Lopes.
O Lápis Azul, é agora uma recordação, foi no dia 3 de Maio de 1974, que terminou a censura em Portugal
As histórias, acima não são totalmente iguais, mas o espaço, e o protagonista é o mesmo – As Andorinhas.
Nota: A foto dos ninhos destruídos, em 2008, com as pequenas Andorinhas no chão * A notícia da minha renúncia como colaborar do jornal "Aurora do Ribatejo" - Página: Jornal de Salvaterra
JOSÉ GAMEIRO
Quarta-feira, 24 de Abril de 2013
Um dia de 1957, o então Paróco da Freguesia de Salvaterra de Magos, José Rodrigues Diogo, depois da construção da Casa Paroquial, que levou a cabo no inicio daquela decada, iniciou algumas obras de conservação na Igreja Matriz. O interior daquele edificio religioso, mostrava um gradeamento em ferro, que separava, quer a zona junto ao altar, quer uma fila que separava o corredor central, então existente. O tecto, também mostrava necessidade de pintura, disso se encarregou uma firma da especialidade, sedeada em Braga.Em determinado estado das obras, foram postas a descoberto junto ao altar, três pedras tumulares. O Padre Diogo, logo se apressou a identificá-las, duas delas apresentavam caracteres (escrita), num português medieval.
Confrontou alguns documentos existentes nos arquivos da Paróquia, que o levaram a considerar que uma delas, era de D. João Martins de Soalhães, Bispo de Lisboa, aquém se infere a iniciativa da construção Igreja, um ano depois da doação do Foral por D.Dinis a Salvaterra, considerando a povoação concelho.
Uma outra, estando em mau estado de conservação, levou também aquele Padre, a considerá-la como sendo de Manuel de Menezes - 6º Conde dos Arcos, que morreu na arena, num brinco com toiros, a que assistia aqui em Salvaterra, o rei D. José.
A uma outra, ainda fizemos uma foto, que juntamos e reproduzimos o seguinte:
*Aqui Jaz * O Revendo Prior ....... * Nascido nesta vila ....... em 30 de Setembro de 1769 e Falecendo em 22 .......... sw 1834 * Seu inconsolável Primo, Lúcio de Sousa Machado, lhe mandou erguer esta campa em signal de gratidão e saudade.
Após o terminar das obras, um grande estrado em madeira, com uma passadeira vermelha, passou a ser usada no local, tapando assim aquelas pedras tumulares.
JOSÉ GAMEIRO
No dia 5 de Março de1979, saiu nas páginas do semanário “Aurora do Ribatejo” um artigo que escrevi dando conta dos danos que a Capela da Misericórdia, sofreu em 12 de Fevereiro. Uma foto acompanhava aquela noticia, Tinha obtido uma série delas, pelas cinco horas da tarde, quando o edifício começava a ceder, e foi destruído em parte. Entre os vários compartimentos, a nave central foi muito danificada, com a queda do tecto que suportava telas com motivos religiosos, que vinham pelo menos do século XVII. Guardadas que foram na Capela Real, uns anos depois, fui ali encontrá-las, estavam empilhadas, e recebiam anualmente trabalhos de pequenos restauros, por jovens da Fundação Espirito Santo, que ali vinham praticar em fim de curso. Depois foi um período de “esquecimento” e precisamente 20 anos depois, a jornalista Sandra Pereira, do Jornal Vale do Tejo – JVT, solicitou-me o empréstimo das fotos, que obtive quando a capela sofreu os danos causados em 1979, pois estava a fazer um trabalho, sobre a Capela da Misericórdia.
Tal trabalho, saiu na edição de 6 de Fevereiro de 1999. No corpo do artigo fez um sub-titulo: “Telas do séc.XVI à espera da Restauração”, onde confrontado o então Provedor, Armando Oliveira, com a recuperação das mesmas, obteve como resposta. “A Santa Casa não tem verbas, mas a prioridade têm sido outras”. Os anos passaram, precisamente 34 anos, após a data em que as telas desapareceram do tecto da secular Capela da Misericórdia de Salvaterra de Magos, nada se sabe, onde param!...
Da sua construção não encontrei outras referências, apenas “Capela de Santo António (foi edificado num botaréu, que tinha confrontação com a rua de Santo António), e Igreja de Nossa Senhora da Conceição, junto à vala da vila, pertencendo à coroa real, que tinha vasto patrimônio em Salvaterra de Magos”. Esta Capela, com o seu Albergue, no século XVIII, aparece como patrimônio da Misericórdia de Salvaterra, e algumas vezes recebe os benefícios de conservação, com obras suportadas pelo rei D. Pedro e suas filhas. Destas e outras referências, podemos encontrar no livro do Dr. José Asseiceira Cardador. Edição que recentemente recupei e publiquei no meu blogue “historiadesalvaterra”. A recuperação das telas, sempre me interessou, pois são um património valioso da minha terra, e sabendo que o seu valor é incalculável, não deixo de saber sobre o seu paradeiro.
JOSÉ GAMEIRO