Segunda-feira, 3 de Maio de 2010

O COSM E A ORNITÓFILIA EM SALVATERRA DE MAGOS !

 

   Passados são 19 anos, em que um grupo de criadores de algumas espécies de aves, levou a cabo em Salvaterra de Magos, a primeira mostra de aves que teve lugar na biblioteca municipal, aqui fica a história, extraída do site do COSM – Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos

                                             

 

 

 

                                                                                                                RAÍZES DE UM HOBBY !

A ornitologia desportiva, vem do gosto de criar e manter aves em cativeiro, muitas das vezes ajudando a conservar as espécies em vias de extinção, introduzindo-as depois no habitat  natural. A selecção metódica entre “primus pares” leva a que se encontrem exemplares de uma beleza tal que, os criadores nos tempos modernos, através das suas associações todos os anos os mostram em exposições -concursos locais, nacionais e até mundiais.

 Desta primeira iniciativa, outras vieram até que em 1991, nasceu o Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos COSM,  colectividade que veio a ocupar um lugar de grande relevo na organização do desporto ornitológico em Portugal. O autor, também ajudou no aparecimento da estrutura federativa - AOSP, organismo até aí desconhecida em Portugal, pois o hobby ornitológico era apoiado pelos poucos clubes que existiam no país. Passados, são 19 anos, em que um grupo de criadores de algumas espécies de aves, levou a cabo em Salvaterra de Magos, a primeira mostra de aves que teve lugar na biblioteca municipal, aqui fica a história.

 

                                                                   I

 

                             Os Primeiros Tempos da Avicultura em Portugal!

 

Decerto  que as descobertas de novas terras, levadas a cabo pelos navegadores portugueses, no séc. XVI, são um marco importante para a criação e estudo das aves  exóticas em Portugal.

A partir, daquela epopeia marítima, nós os portugueses  contactamos pela primeira vez, com novas aves cheias de exotismo que,  passaram  a fazer parte dos carregamentos das caravelas, quando do seu regresso à Europa. De inicio apenas a realeza, tinha acesso a tão fascinantes aves, e outros animais de pêlo, porque o povo, esse só muitos séculos depois a eles teve acesso mais directo, em exposições.  Entre essas aves, os canários, aves da espécie dos Carduelios, vieram das ilhas  oceânicas da Madeira e Açores, e das Canárias, cujo    nome mais tem a ver por ser também lugar de habitação daqueles animais caninos.

 Em Portugal, o rei D. Manuel I, coleccionava  animais de pena, e quando ofertava algum, tinha a delicadeza de informar – vieram  das terras longínquas  !

 Assim, este rei de Portugal, nos seus contactos políticos, com o Papa Leão X, enviou para Roma, como presente, em bem acondicionadas cestas de verga; Pavões, Faisões, Araras, Avestruzes e Canários, quando da embaixada portuguesa chefiada por Tristão da Cunha.     Os galináceos de Timor e África, com os Palmípedes, eram as mais usadas nas amostras da corte portuguesa.

 

                                                                 II

 

                          AS PRIMEIRAS EXPOSIÇÕES  EM  PORTUGAL

 

Considera-se que o ano de 1903, foi o marco inicial das exposições públicas de aves  em Portugal,  e que tiveram lugar na cidade de Lisboa, levadas a cabo pela  rainha D. Amélia, com a colaboração da Real Sociedade de Horticultura. No entanto algumas fontes, sustentam que foi D. Pedro V, que fez a primeira amostra de aves e, tudo indica que o modo regular destes eventos no nosso país, teve lugar em 1907. No Largo do Chiado, em Maio de 1911, a comissão de avicultura da Associação Central de Agricultura Portuguesa, fez a  sua exposição de aves e na sua inauguração contou com a presença do ministro, Dr. Brito Camacho.

 Esta comissão de avicultores, era constituída por: Dr. José Freire Andrade, Carlos Zeferino Coelho, José Diniz, Luiz Vasconcelos, José Rumina, Dr. Carlos Almeida Afonso e Leopoldo Cardeira.   A última exposição levada a cabo por esta comissão, teve lugar em Maio de 1936, na Tapada da Ajuda. Também em Outubro daquele ano, o Grémio de Canaricultores Portugueses, que foi fundado um ano antes, organizou a primeira exposição de aves canoras e de ornamentação. Naquele tempo estava instalado o hábito do “passarinheiros” criarem as suas aves sem selecção e em grandes viveiros. No campo da  ornitologia, foi um dado novo o aparecimento de exposições – aves de canto e ornamentais - onde os exemplares tinham lugares individuais.  Em 1957, o “Grémio”, dá lugar à Associação de Avicultores de Portugal (AAP), e esta recebe a honra de organizar em Lisboa, o V Campeonato Mundial, um certame da “Conferedation Ornithologique Mondiale”, organismo cúpula internacional  da ornitologia desportiva.

 Pela pronta e boa organização deste certame, logo aos portugueses lhe são cometidos outros eventos internacionais, nesta área. O VII Campeonato Mundial da C.0.M., em 1959 e, o XII  em 1966 que teve nos novos pavilhões da Feira Internacional de Lisboa – FIL.  Um outro ainda, em 1970, foi realizado na capital, o XVIII –que deixou recordações, pelas novas mutações de exemplares ali expostos. Aos criadores do Norte do país, também foram solicitadas organizações a nível internacional.

 

      I grande prémio Internacional do Porto (1960), Prémio Avícola do Porto (1960).

     II Grande Prémio Internacional do Porto (1962), e, o II Grande Prémio Internacional  Avícola do Porto no mesmo ano. Por último na cidade da Maia, em Janeiro de 2001, teve lugar um outro campeonato mundial de ornitologia.

 

                                                                  III

 

                                OS CRIADORES DE AVES EM SALVATERRA !

 

Por volta de 1950, na vila de Salvaterra de Magos, os passarinheiros ainda usavam a armadilha, da rede e poça de água, método  que, vinha de à muitos anos atrás, para  capturarem em terrenos abertos, aves da fauna europeia.  O verdelhão, e o se primo, o pintassilgo, por serem pássaros canoras, eram muito solicitadas pelas casas de venda de aves,  em Lisboa. Naquele tempo, nos arrabaldes da povoação, a floresta e o pinhal, ainda  tinham grandes manchas, onde se viam muitos bandos, de Corvídeos como: Os Gaios, Corvos, Pegas e Gralhas. Por serem aves imitantes da voz humana, era tradicional, à porta de uma taberna ou de uma oficina de sapateiro, uma daquelas aves, já “domesticada”, respondendo aos insistentes pedidos dos clientes, ou de quem passa-se na rua. Uma pequena gaiola de madeira, era usual ver-se em qualquer residência, com um canário. O periquito, também tinha entrado nos hábitos domésticos à já muitos séculos, desde que o naturalista inglês John Golden, os estudou e os trouxe da Austrália.

 

A indústria do plástico, ao revolucionar  com o aparecimento de gaiolas naquele material, o criador passou a dispor destes acessórios  mais funcionais e leves,   também apropriados  para a criação em sistema individual. Não sendo ainda um hábito, anilhar as aves, até para o  seu estudo genealógico, em 1988, o autor deste trabalho, já com muita prática na columbofilia, filiou-se num clube existente em Lisboa – Associação de Avicultores de Portugal -AAP, e na Primavera desse ano, anilhou as primeiras crias nascidas. Depressa, em Salvaterra alguns criadores, se interessaram  por estes sistema, pois sendo um método seguro, quer para a identificação permanente, quer no registo de pedigree das aves.

 

                                                      IV

 

                                                    AMOSTRAS DE AVES

 

De 1988 a 1990, José Gameiro, António Pires Gomes e Jorge Manuel Marreiros, tomaram a iniciativa de organizar  as primeiras mostras de aves em Salvaterra de Magos. O espaço disponível, foi a biblioteca municipal, cedida pelo executivo camarário, para estes certames, pois era o prelúdio de uma grande “caminhada” da ornitologia desportiva nesta vila ribatejana. A participação de diversos pássaros como: Canários, Psitacídeos, Exóticos, Columbídeos e Palmípedes, e o grande número de visitantes, foram o mote para a constituição de uma associação de criadores.

                                                                 V

 

                                                   A ORIGEM DO COSM

 

Em 21 de Março de 1991, um pequeno grupo de criadores, especialmente de canários, encabeçados por José Rodrigues Gameiro, no cartório notarial de Salvaterra de Magos, assinam a escritura da fundação do COSM.

 

 SÓCIOS FUNDADORES

 “José Rodrigues Gameiro, Jorge Manuel Dâmaso Marreiros, António Manuel Pires Gomes, Carlos Alfredo T. Matias (Dr.), Maria Conceição da Silva Gameiro, Fernando Manuel Ferreira da Silva, António Miguel Rodrigues Gameiro, João Dias Cabral (Dr.), João Manuel Gomes Delgado, José Manuel Matias Coelho, João Luís Rodrigues e Ângelo Miguel da Silva Gameiro”

 

                                           A IDENTIFICAÇÃO

 

O sócio fundador, José Gameiro, na falta de um símbolo, para  esta associação, escolheu um emblema, representativo, onde consta: o brasão municipal e, a encimar os lados da faixa em branco, o nome do clube: Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos -COSM, aparecem dois canários de cor amarela, no centro um falcão, ave emblemática da antiga arte de falcoaria em  Salvaterra de Magos. A sede da colectividade, foi inicialmente instalada  na rua Alm. Cândido dos Reis, numa sala cedida no antigo edifício da creche paroquial, graças à colaboração do padre Agostinho de Sousa.

 Foi uma situação verificada durante quatro anos, e devido ao já elevado número de sócios que,  se vinha registando, o COSM deixou de utilizar aquele edifício paroquial.

 As gaiolas de exposição,  e outro material de apoio, património que as direcções, vinham enriquecendo o clube foram recolhidos em instalações camarárias a titulo precário.

 O clube esteve algum tempo sem sede social, e numa iniciativa do associado Fernando Ferreira da Silva, foi alugada uma velha casa na Av. José Luís Brito Seabra (frente ao antigo palácio da falcoaria). Em 2001, a direcção eleita sob a chefia de José Luís Lamarosa Ferreira, num trabalho de grande entusiasmo, leva a cabo naquela velha habitação, as necessárias obras, instalando a sede da     colectividade, até porque o elevado número de associados justificava-o, os seus registos marcavam cerca de 150 sócios no activo.

 

 

                                                      EXPOSIÇÕES

 

A I Exposição de aves canoras e ornamentais, teve lugar em 1991, no pavilhão da escola secundária – Dr. Gregório Fernandes - situação que se verificou durante os três anos seguintes. Desde 1998, aqueles certames passaram a efectuarem-se nos celeiros da EPAC, local cedido pela câmara municipal, situação ainda verificada em 2001. Em Outubro de cada ano, grande era a azáfama na preparação destes certames, pois os criadores de todo o país aguardavam com natural ansiedade a sua realização, que muitas decorriam em Novembro.

 

                                                                VI

 

                                       PARTICIPAÇÃO ASSOCIATIVA

 

No ano da primeira eleição, o presidente da direcção: José Rodrigues Gameiro, em sucessivas reuniões a nível regional e nacional, participou na  tentativa da criação de uma Federação  de Ornitofilia para Portugal, bem como na implementação de um stam nacional para os criadores.

 Foram criadas duas Federações as: Associação Ornitológica do Norte de Portugal -AONP e Associação Ornitológica do Sul de Portugal -AOSP, que se registaram na COM -Mundial.

A primeira passou a representar, os clubes existentes no norte do país, até Rio Maior.

 A segunda, todos os clubes desde aquela cidade até ao sul, e ilhas.  Numa primeira fase, o clube de Salvaterra – passou a usar o stam COSM - elemento de identificação, agora  incluídos nas anilhas oficiais. Algum tempo depois, a associação do sul, mudou a sua sigla para FOSIP, enquanto a do norte, ainda se mantém.  Nos primeiros tempos, o abrigo dos estatutos do COSM, as direcções chefiadas por José Gameiro, levaram a acabo várias iniciativas de carácter cultural. Uma delas foi um colóquio sob o tema “ AVES EM CATIVEIRO UM HOBBY DESPORTIVO”, que decorreu no Auditório da Escola Profissional de Salvaterra de Magos, onde foram convidados e participaram credenciados juízes portugueses, com crédito internacional.

 

 

                                   O COSM JUNTO DAS ESCOLAS

 

Na escola Preparatória da terra, com a cedência de material para exposições do COSM, e algumas  aves do presidente da Direcção, José Gameiro, que esteve presente e  proferiu uma palestra sobre  o tema as “Aves em Cativeiro, e a sua vida no estado Selvagem” numa palestra que contou para além dos alunos  e professores, a presença de alguns pais.

 Foram distribuídos desdobráveis, com o titulo “Comece pelo Principio !”,  que  muito ajudou os alunos num seu primeiro contacto com os diversos pássaros.

 

                                                                VII

 

                                          RECUPERAÇÃO DE AVES

 

 O COSM, como consta nos seus estatutos, está disponível para participar no estudo, e na recuperação de aves que sejam vitimas de acidente, o que já aconteceu muitas vezes.

 A colaboração dos vigilantes da natureza, sedeados em Coruche e, o Parque Natural do Boquilobo, na Golegã, têm sido o ponto de contacto, onde as aves perdidas, ou feridas são entregues  Aves como: Falcões, Tordos, Andorinhas, Pombos, Abetardas, Melros, Corujas e Mochos, são algumas das espécies recolhidas.

 

 

JOSE GAMEIRO

publicado por historiadesalvaterra às 19:48
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