Segunda-feira, 30 de Novembro de 2009

AS CORRIDAS DE TOIROS DE OUTROS TEMPOS !

 

Tudo muda, nada é como dantes!

A tauromaquia de há uns anos para cá, deixou de ter aquele encanto, mesmo para o aficionado. Para os outros era uma festa ver todo aquele aparato.  A  Feira anual, da vizinha vila de Benavente,  tinha lugar em Setembro,  na semana seguinte, era  a de Salvaterra.   Não era a feira franca, pois essa ocorria meses antes, em Maio.  Em 1950, já com os cartazes, na rua onde se  anunciava que vinham actuar na praça de toiros da vila, os mestres cavaleiros; João Branco Núncio e Simão da Veiga. 

 

 

 Os espadas, eram Manuel dos Santos e Diamantino Viseu.  Abrilhantava a corrida a banda de música "Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos". Os toiros eram da ganadaria "Irmãos Roberto" e, os forcados eram do grupo do Manuel Faia, onde pegavam, o Timpanas e o Manuel Ferrador.   As "claques de aficionados"  que aqui existiam, tinham agora mais uma vez oportunidade de ver actuar os seus idolos.

  Ao longo do ano, dividiam-se em acérrima descussão. Um grupo; apoiava João Núncio, um outro Simão da Veiga. Quanto aos matadores de toiros;  Era de ouvir, qual o grupo de aficionados, que soprepunha o seu toureiro, em relação ao outro.

A discussão, começava muitas vezes, nas oficinas de sapateiro, e continuava na sede do Clube Desportivo. 

  Naquele domingo de Setembro, o aficionado visitante, perdia-se entre povo da terra.  O muro da Hota do Sopas, era pequeno para tanta gente empoleirada, vendo os cavaleiros, no "aquecimento" dos cavalos, no largo da frente da praça.  Lá dentro, nos espaços abertos (janelas) com gradeamento em ferro,  estavam apinhados de espectadores,  que se suprepunham uns aos outros, esperando a vinda dos toureiros, através da avenida. Éra um delirio, quando descortinados entre uma muitidão, que os tinham esperado na Pensão do Ribatejano. Era ali, nos seus quartos, que se vestinam de luces, e vinham a pé, tapados com uma ou outra peça de roupa, guardados pelo seu stafe.

A praça estava esgotada. No final, quando o matador, Manuel dos Santos, triunfou na corrida, saíu pelo portão grande, e foi levado em triunfo, aos ombros dos seus simpatizantes. 

  A avenida, a rua Marquês de Pombal, a Heróis de Chaves, ficavam apinhadas de tanta gente, levando o seu idolo, de volta  ao Ribatejano.

 

JOSÉ GAMEIRO 

publicado por historiadesalvaterra às 19:02
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Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009

O ARANHOL DO JOSÉ RATO !

 

O terramoto de 1909, deu origem que Salvaterra de Magos, viesse a crescer para terrenos que o povo dizia ser “terras de baldio”, lá mais para sul da vila.  Naqueles sítios, abundava uma pequena floresta de eucaliptos, que desembocava junto à horta do sopas, construída para dar de comer à população por ocasião do sismo.
 
Por volta de 1920, por lá já existia um edifício hospitalar (1913) e uma praça de toiros. O Calvário, como era conhecido tinha cerca de 900 mts. (atravessava a vila de norte a sul), de terra batida pelos rodados dos carros puxados a animais, era bastante larga, ia servindo de arruamento às novas construções que iam aparecendo.   Numa réstia de eucaliptos que por ali ainda existia, podia ver-se o pelourinho ( uma cruz e base de pedra), que vinha do tempo dos reis, fora retirado para limpeza daqueles terrenos.   A cruz, foi colocada no cemitério local.
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nos últimos anos do séc. XIX, tinha sido construída naqueles terrenos, uma grande adega, que tinha agora de frente o muro do hospital, era seu proprietário o lavrador Francisco Ferreira Lino.   Não desmerecia de uma outra, que a casa Roquette, possuía.
 A família Freire, também tinha naquelas bandas, grandes espaços, eram os currais de gado (1).   Por volta de 1945, aquela estrada deu lugar a uma avenida, moderna para a época, que recebeu o nome de Vicente Lucas de Aguiar, antigo presidente da câmara municipal (2).
 
 
 
 
Num dos cruzamentos daquela avenida, na rua Dr. Gregório Fernandes, o Dr. José Henriques Lino, em 1948, agora proprietário da casa agrícola que fora de seu pai, transformou um grande armazém, em taberna.    Era uma inovação entre os agricultores/viti-vinicultores, para escoarem o vinho; vendido a copo e ao garrafão. Naquela travessa de ruas, as mulheres rurais encontraram sitio para a sua “praça da jorna”, local onde esperavam por trabalho, desde a tarde de domingo e muitas vezes segunda-feira de manhã.
 Levavam os filhos (rapazes e raparigas) de pouca idade, que por ali se entretinham a brincar.   Minha mãe, tal como as outras mulheres, muitas vezes iam ao “Armazém do Dr. Lino”, comprar pevides ou tremoços para os meninos. 
 
  Cada medida, um pequeno copo de vidro, custava 2 tostões.   O José Rato, velho adegueiro velho daquela casa agricola, pessoa muito estimada entre os seus pares, transportava os barris de vinho e aguardente, num esquisito carro construído em ferro, que chamavam “Aranhol”.     Nós o rapazio, lá nos dependurávamos nele, com a conivência do condutor, até porque o percurso era curto.
 
**********
(1) - Os dois currais (um de cada lado da rua), tinham nascente de àgua * Numa dessas nascentes, existia uma bomba de àgua, com roda de ferro, onde a população se abastecia (fui lá muita vez com minha mãe buscar um pote de àgua), no outro lado, existia a mãe-de-água, que abastecia o Fontanário existente junto à câmara * Mais tarde, estes espaços deram lugar as grandes construções de habitação, onde no piso do chão foram instalados instituições bancárias.
(2) - A pedra tumular, em 1964, ainda se encontrava no antigo cemitério da capela real * A avenida, por volta de 1980, passou a ser conhecida: Dr. Roberto Ferreira da Fonseca, outro antigo autarca.
 
Nota:  Na Adega, durante muitos anos foi ali que se realizavam os leilões, dos produtos oferecidos pelos lavradores e gente anónima do concelho, à Misericórdia de Salvaterra * No dobrar do dobrar do séc.XX, ainda existiam cortejos de oferendas, que nornalmente era no Dia S. Martinho, fim da faina agricola anual.
 
JOSÉ GAMEIRO
 
 
 
publicado por historiadesalvaterra às 18:59
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