Daí em diante, foi aquele arial usado pelo povo de Salvaterra e, passou a ser conhecido pela Praia dos Tesos – pois os mais abastados da vila, iam de abalada todos os anos até à Nazaré, ou Figueira da Foz, ou mesmo para as Termas.
Alguns para além dos “farnéis”, traziam apetrechos da pesca (cana, bornal e saca-peixe), afim de se dedicarem ao seu desporto, pois no local a fataça abundava em quantidade. Muito perto, a escassos metros, algum gado movimentava-se para junto de um pequeno regato, que se aninhava nas areias, afim de se sedentarem de uma noite passada ao relento.
Nas primeiras horas alguns adultos aproveitavam para fazer uma colheita de pequenos paus e canas, que o rio nas suas marés depositava mesmo ali à mão, a fim de começarem a fazer lume para as suas refeições que seria de frango assado, ou de pequenas fatias de carne entremeada de porco assado na brasa(1). Agumas crianças pelas mãos dos seus vigilantes, iam para as areis brilhantes do rio, onde a maré já começava a movimentar-se, a fim de aprenderem a prática da natação, no entanto os mais tímidos choravam em altos gritos, não só pela água fria, como também pelos grandes “tufões” que a rapaziada maior fazia com as suas brincadeiras.
Quase todos os presentes, que no local se encontravam, escolhiam a hora do almoço entre a uma e as duas da tarde. Assim ao som da música de uma pequena telefonia e das anedotas, entre umas goladas do bom vinho dos campos da terra, a camaradagem era excelente e já ninguém se lembrava da semana que findou.
Muitos nem têm tempo de apreciar o grande bando de milharós, que mostravam o seu bonito colorido das penas e a melodia do seu cantar que, agora ao cair da tarde, vão entrando e saindo dos ninhos feitos numa barreira do “Mouchão da Quinta da Saudade”. Em pouco tempo, o local ficou deserto, na espera que no próximo Domingo, as areias da "Praia dos Tesos", voltam a ser local de encontro.
* Texto publicado em 1976 – Jornal “Aurora do Ribatejo” e no
A tarde já ia alto, refrescava ali junto às águas do rio, quando vejo meu pai, que me procurava entre a multidão e, me chamou dizendo: "Olha lá, por causa do avião esqueceste-te de ir buscar o petróleo à loja, a tua mãe, quer fazer a ceia, pois chegamos agora do trabalho"
Nem olhou para a multidão, tão zangado estava, amarrou-me à cintura, uma corda que tinha na bicicleta e, lá veio pedalando entre as pessoas que ainda iam ver o avião, vindo eu a correr atrás da bicicleta até chegar ao Botaréu da Capela, onde morávamos. Grande castigo foi aquele, para grandes males grandes remédios. O recado foi feito, na loja do António Henriques, junto à torre da Igreja, fui num pé e vim noutro.
Nunca mais em casa se falou no assunto!
JOSÉ GAMEIRO
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