Quando eu, era jovem e, escrevia para o “Jornal Aurora do Ribatejo”, tive interesse em saber algo sobre Albano Gonçalves, antigo boticário da vila de Salvaterra de Magos. Muitos anos depois da sua morte, o povo idoso, ainda falava dele com carinho. Jerónimo da Fonseca que, chegou a ser Vereador Municipal, dele escreveu nos jornais, pois foi seu aprendiz, nos segredos das “mezinhas” farmacêuticas.
Albano Gonçalves, colaborou na imprensa da sua época, com o pseudónimo de Alberto Calderon,
Anos mais tarde vim a confirmar por um seu artigo que, foi inserido no livro “ANAIS DE SALVATERRA” e retirado do “Novo Almanaque Luso - Brasileiro, para o ano de 1882, que tal escrito, descrevia a visita a Salvaterra de Magos e, a Muge, de uma delegação de congressistas que, vieram ao Porto, em 1880, participar num Congresso de Arqueologia Pré-histórica.
Muitos anos depois, em 1998, soube que existiam 7 pequenos filmes da época, encontrados na biblioteca do Museu do Porto, encontrados por investigadores do Instituto de Antropologia da Faculdade do Porto, Disso, escrevi no Jornal Vale do Tejo, uma crónica intitulada; “FORAM DESCOBERTOS OS FILMES MAIS ANTIGOS DA ARQUEOLOGIA NACIONAL”. sendo de de 2/3 minutos cada, precisam de grande restauro, pois datavam de 1930/31.
Era um importante contributo documental e cinematográfico, para a história dos “ Concheiros de Muge”.
Para além das estações de Concheiros em Muge, nas margens do Tejo, as primeiras a serem catologadas por Carlos Ribeiro, (1813-1862), pois tinham sido encontradas em recentes trabalhos agrícolas, nas terras do Paul de Magos e Quinta da Sardinha (Salvaterra de Magos). As escavações de Muge, com os esqueletos encontrados, têm sido preservadas, ao longo dos anos, pois estão em terrenos particulares – Casa Cadaval.
A Pedra lascada, encontrada em terras de Muge, Granho e Glória do Ribatejo, são vestígios da permanência do nosso antepassado “O Homo Taganus”, que terá ocorrido, no Paleolítico Superior, como sustenta o arqueólogo A.A. Correia, um persistente estudioso daqueles locais, na primeira metade do século XX e, que tem continuado todos anos por outras equipas.
Há dias, em 3 de Março de 2011, o Governo, em Conselho de Ministros, deliberou considerar os “Concheiros de Muge”, Património Nacional.
VISITA/ OU EXCURSÃO A MUGE
Albano Gonçalves/ ou Alberto Calderon, escreveu a noticia “ Os delegados ao Congresso de Arqueologia Pré-histórica, fizeram uma excursão a Muge, em 24 de Setembro de 1880, onde foram recebidos com magnificência. As povoações vizinhas juntarem-se aos festejos da chegada dos ilustres visitantes.
Nas extremas do concelho de Salvaterra, erguia-se um arco triunfal, com a bandeira nacional no topo, circundada por muitas bandeiras de diferentes nações; e o caminho do percurso achava-se abrilhantado por outras inúmeras bandeiras. As girândolas de foguetes anunciaram a todo o concelho aquele dia festivo.
. Pelas dez horas da manhã, chegaram os membros do Congresso, em trens tirados a duas parelhas, na frente dos quais vinha o governador civil e o presidente do Congresso, Júlio Lermina. Junto ao arco triunfal, estava a câmara municipal, com seu estandarte; e detrás da câmara postara-se uma força de cavalaria de espadas desembainhadas.
De um a outro lado do campo, enfileirava longa enfiada de cavaleiros e de campinos a cavalo, com seus trajes regionais, e não menos de 500 pessoas constituíam as alas, da recepção. Chegados ao arco, os trens pararam, e então a câmara de Salvaterra, composta: por: Vicente Lucas de Aguiar, Presidente, os Vereadores: Albano Gonçalves, António da Silva, Ezequiel Pacheco, Joaquim Menezes, Joaquim Guilherme, e o Administrador do concelho, Marcelino Monteiro, todos de pé, descobriram-se e cumprimentaram o governador civil e o presidente do congresso. Em frases concisas e respeitosas, deram as boas-vindas que terminaram com vivas à ciência e ao Congresso Mundial.
Os visitantes, apearam-se e corresponderam às saudações, e em breve elocução, agradeceu as felicitações da câmara, o congressista português, Andrade Corvo.
Por sua vez, o presidente do Congresso, também discursando em língua francesa, exaltou de modo lisonjeiro os sentimentos do povo local, que acabara de ouvir do presidente da câmara municipal, a consideração que lhe merecia. Depois ouviu-se a filarmónica, e ao longe o imenso estalejar dos foguetes. Os excursionistas seguiram para os Montículos de Arruda, onde estavam as escavações, feitas havia pouco tempo; e ali tiveram ensejo de observar os esqueletos humanos antiquíssimos e alguns sílexes manufacturados.
Os esqueletos apresentavam-se de costas com as pernas curvas sobre as coxas, e alguns estavam confusamente amontoados, e outros em posições diferentes; todos tinham belos dentes chatos e rijos. Acabada a festa, numerosas famílias estenderam no chão as toalhas para as refeições e espalharam-se em grupos pelo campo, comendo e bebendo em alegre convívio.” Alguns esqueletos, foram oferecidos para figurarem em Museus estrangeiros.
Também o jornal “Diário de Noticias” no dia 25, em primeira página noticiava que, uns cinquenta congressistas haviam chegado a Muge, freguesia do concelho de Salvaterra de Magos, no dia antecedente, uma sexta-feira.
A pedido do governador do distrito, fora exibida uma parada de trabalhadores dos campos e campinos de pampilhos em punho, e um congressista estrangeiro, entusiasmado, exclamou: Que pena não podermos levar um destes campinos para o nosso museu !
Que belo exemplar etnológico!
Nota: Do Livro de Apontamentos Nº 40 da Colecção “Recordar, Também é Reconstruir..! – Do Autor
JOSÉ GAMEIRO
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