Como todos os mortais, o Padre José Rodrigues Diogo, um dia morreu!...
Um dos seus últimos desejos, correspondeu aos pedidos do povo de Foros de Salvaterra. O padre José Diogo, viveu de 1919 a 1997, tendo nascido em terras do concelho de Vila Nova de Ourém. Foi ordenado sacerdote na Diocese de Lisboa e, chegou à Paróquia de Salvaterra de Magos, em 1944, sucedendo ao padre José Ferreira, que falecera num desastre de mota.
O Jovem padre Diogo, então com 26 anos de idade, encontrou em Salvaterra, uma população cheia de contrastes. Uns, a sua maioria analfabeta, com subsistência na actividade rural, que só lhes dava trabalho e sofrimento,com grande parte das famílias, vivendo em barracas, num terreno cedido pela câmara, por detrás do cemitério. Mesmo aqueles que viviam na vila,tinham habitação precária. Outros, os senhores, donos do campo, bem educados, com os filhos já de posse de uma cultura elevada para a época. Desses contrastes; mais havia, os campos férteis a par de terrenos incultos, capazes de encher celeiros, pois as cearas eram de sequeiro.
Foi um cenário, que o Padre Diogo encontrou, no início da sua vida paroquiana, que durou mais de 40 anos em Salvaterra de Magos. Depressa mostrou ser sensível aos problemas das famílias mais desfavorecidas, ajudando-as a lutar por melhores condições de vida. Em 1947,fundou o Centro de Assistência Social Infantil de Salvaterra de Magos, fazendo aprovar os seus estatutos em 8 de Outubro de 1947.
Em 1949, começou a construção da Casa da Paróquia, na Praça da República da vila. A Casa de Trabalho, que viria a funcionar na Rua Alm. Cândido dos Reis, numa propriedade doada por D. Maria Carolina Rebelo Andrade. Ali, foi instalada a primeira sede desta grande obra, serviu durante os anos 1947 a 1987, de "oficina" de corte e costura, para jovens meninas. Em 1956,foi instituída a "Sopa dos Pobres", a qual confeccionava e desatribuía duas refeições para os pobres da vila,levando uma delas para casa. mesmo dando de comer aos que se encontravam de passagem.
Rodeou-se de alguns colaboradores para esta grande obra da Igreja de Salvaterra. Durante algumas recebeu o apoio administrativo,em vários mandatos, do Dr. Joaquim Gomes de Carvalho, que fazia assistência médica aos pobres, que estavam sob a assistência da Igreja, do Engº Carlos Santos Freire, Mário Galvão, Prof.Manuel Duarte Assunção, Dr. José Henriques Lino e João António Sabino Assis. A estes juntara-se na Assistência Social, D. Maria Sameiro e Maria Carolina Rebelo Andrade. O padre Diogo, pedia aquém mais tinha, pois sempre tinha um bom relacionamento com os paroquianos mais abastados, mantendo o sonho da primeira hora - construir bairros sociais, acabando com as barracas na vila. As Direcções, foram-se renovando e depressa encontrou um grupo que o apoiou numa outra obra; "Património dos Pobres", pois era necessário iniciar a construção de um núcleo de três bairros sociais, para albergar mais de 150 famílias. A firma; Jaime da Silva Valente, na pessoa de Manuel Valente, e a família; Dr. José de Menezes e esposa Lurdes Vinagre, disponibilizaram alguns terrenos para esta obra. Sem dinheiro para esta obra, mas com grande determinação e optimismo, avançou na construção. Nas várias viagens que fez, visitando os países;Itália,Alemanha,Luxemburgo, Holanda, Bélgica, Áustria e EUA, junto das comunidades de emigrantes, angariou algum dinheiro. Quando estava na Alemanha,teve conhecimento da existência dos "Compagnons Battisseurs", com sede na Bélgica, e deles conseguiu o seu apoio. Alguns destes jovens, estiveram em Salvaterra, no início das obras, durante quatro anos, recebendo 60$00 por semana. ficando alguns em casa do casal Dr. José Cardador e esposa. As famílias pobres, recebiam a chave da habitação, conforme as casas estavam prontas. Esta maravilhosa obra, deu azo que em Salvaterra, deixa-se de existir "habitações em barracas" até aos dias de hoje. Em 1964, o Pe Diogo acolheu com entusiasmo, um grupo de jovens que construiu um Agrupamento de Escuteiros em Salvaterra. Sendo um sonho palpável, no espirito cristão, a que a sua missão destinava, passou a ser o primeiro responsável. Nesse mesmo amo ano, recebeu a colaboração de algumas religiosas da Congregação das Irmãs de S. José da Província de Salamanca (Espanha), apoio que durou vinte e dois anos. Em 1978, convidou-me a acompanhá-lo no mandato da direcção (1978-1980), onde entrei com Rufino Lopes Andrade, e com a saída deste, terminei a minha colaboração com José Martins dos Santos. Em 1981, novamente a família Menezes, fez a doação de uma faixa de terreno com 1.500 m2, na zona já urbanizada como; Bairro Pinhal da vila, junto ao depósito da água. Ali, foi iniciou a construção de uma nova Cresche, e para a sua arquitectura teve a oferta do Atlier do Arquitecto Segurado, tendo também recebido material, especialmente eléctrico, de algumas fimas situadas na zona. O Centro Paroquial de Bem-Estar Social de Salvaterra de Magos, foi criado em 1983, passando a pertencer, aliás como todas as outras iniciativas já em funcionamento, à nova "Fábrica da Igreja de Salvaterra de Magos" para ter o apoio do Estado. As dificuldades foram muitas. Um dia junto das entidades oficiais, disse: "Deem-me 2$50 e eu, começo a obra". Viajou novamente pela Europa e América do Norte, foi de abalada até junto dos emigrantes portugueses, e como ele dizia: - "Trouxe alguns tostões". Terminando as obras dos bairros, em 19 de Setembro de 1991, com a presença do senhor Bispo de Santarém, foi a lançada a primeira pedra da construção da Cresche. Esta obra, devido às dificuldades encontradas durou doze anos a iniciar-se e outros tantos a ser concluída.
Entretanto o Padre José Diogo, adoeceu gravemente e foi substituído sucessivamente por vários párocos. O Pe António Vaz Azevedo, deu-lhe um grande impulso, contando com o apoio e trabalho do director José Martins dos Santos O padre Agostinho Teixeira de Sousa, terminou a obra da Cresche, e pequenos acertos nos bairros sociais, como satisfazendo um grande desejo do Pe Diogo. Um bairro teria o nome S. Paulo, em nome do órago da freguesia de Salvaterra e outro Bairro S. José, em memória da família José de Menezes. O edifício da Cresche, foi inaugurado a 19 de Setembro de 1995, com a presença do Bispo D. António Francisco, e representantes da Câmara Municipal e do Governo. A Câmara Municipal, através do seu presidente; António Moreira, em 7 de Julho de 1995, homenageou o Padre José Rodrigues Diogo,como personalidade bondosa, que desencadeou diversas acções benéficas para a população da sua Paróquia. Também outras freguesias do concelho como: Glória do Ribatejo, Marinhais e Foros de Salvaterra, tiveram projectos em que ele esteve presente. Nesta última freguesia, e no lugar da Várgea Fresca, foram construídas Igrejas. Em 8 de Outubro de 1997, a Câmara Municipal de Salvaterra. sob a presidência do Dr. José Gameiro dos Santos,decidiu concedeu Diploma de Honra "Grau Ouro" ao Centro Paroquial de Bem-Estar Social de Salvaterra de Magos e conceder-lhe o nome de uma rua. Foram 50 anos da vida do Padre José Rodrigues Diogo, foi um sonho que se tornou realidade!...
O Padre, Agostinho de Sousa, editou o livro de Oiro - Uma obra da Fábrica da Igreja "50 Anos de Acção Social em Salvaterra de Magos" (1947-1997)
Nota: 1ª Foto - Cerimonia da primeira pedra, para a construção de um bairro social promovido pela Igreja, em terreno cedido pela Município de Salvaterra, junto ao cemitério da Freguesia - construção que mais tarde foi efectuada mais para sul da vila * 2ª,3ª e 4ª Fotos dos Bairros S.José e S.Paulo * 5ª Entrada da Cresche Paroquial * 6* Padre José Diogo, recebendo a homenagem das mãos de António Moreira (notícia Jornal Vale do Tejo - 14.7.1995)
JOSE GAMEIRO