Sexta-feira, 29 de Agosto de 2014

CRÓNICA DO NOSSO TEMPO - O PRIMEIRO INCÊNDIO DO PAÇO REAL

“ Corria o ano de 1817, a madrugada do dia 18 de Setembro já ia alta, o céu estava toldado, ouvem-se gritos; Há, fogo, há fogo no Paço!.... os sinos começaram a ouvir-se em toda a vila, e logo o povo acorreu em massa junto à Igreja Matriz, os gritos eram medonhos, especialmente dos idosos, que se resguardaram dentro do templo – rezando e implorando junto ao altar. De repente umas vozes, ordenaram vamos à arrecadação do Açougue buscar baldes. Naquele Matadouro, não muito longe do Galinheiro, guardavam-se centenas de baldes em madeira para usar nos fogos. A correria dos mais aptos era intensa e depressa se formou na rua Direita; duas filas, de homens e mulheres. A multidão pronta ajudar era imensa, se nos cingirmos ao registo cerca de 50 anos antes andar por volta de 1200 cidadãos. Os jovens e crianças também lá estavam. Uma fila, fazia passar de mão em mão os baldes cheios de água desde a vala até ao palácio. Uma outra fila fazia correr os baldes vazios
.
As chamas eram intensas, o madeiramento e os veludos ardiam numa das zonas do Paço. Com a chegada da manhã, no rescaldo o povo só via escombros, e daí quanto foi insano o seu esforço e ficou desassisado, para salvar aquele velho edifício real, a maior riqueza da terra, uma obra de tanto primor do Infante D. Luis, que não chegou a acabar, segundo ditos antigos, e ainda continuou com sua majestade o rei D. Sebastião, quando se interessou nas vindas a Salvaterra, à sua Coutada. As obras tiveram outro grande incremento, por causa da jornada a Portugal de Filipe I. Também Filipe II, lhe atribuiu grande atenção, e com dois regimentos, o de 1589 e o de 1595, estipulou verbas para a sua ampliação.
No decorrer daquele tempo também a Igreja Matriz da vila, continuou a receber obras, que vinham de à muitos anos. Tanto empenho mostrou D. Pedro II, em acabar aquelas obras e começado outras. Tendo D. José, no seu reinado, grande carinho por Salvaterra, mesmo com as despesas em Lisboa, por causa do terramoto de 1755, mandou construir aqui na vila, uma moderna Casa da Ópera, um pequeno palácio para as Damas, que foi ligado ao Paço velho por uma arquitectura com arcos em pedra, e outras casas de grande significado, entre elas, um Picadeiro, e a Falcoaria. Com a fuga da família real para o Brasil,em 1808, os invasores franceses alojaram-se no Paço e em algumas casas apalaçadas, daí a falta de cuidado porque passava, pois já tinha perdido o seu esplendor. Este incêndio queimou grande parte do paço de Salvaterra. Hum Horror!... gritavam todos quantos viram, aquele património sucumbido às labaredas. Do fogo escapou a Capela e a Casa da Ópera”.


JOSÉ GAMEIRO

Nota: texto escrito a partir de noticias publicadas “Mercúrio Português”, “Gazeta de Lisboa”, Anais de Salvaterra” “Aurora do Ribatejo” e documentos avulsos, oferecidos ao autor por Maria Josefina Vidigal, em 1970.
publicado por historiadesalvaterra às 19:41
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