O século XX estava a meio, ainda era o tempo das Pensões e Aposentadorias. O Café Ribatejano, tinha por cima um pequeno andar, onde alguns quartos eram alugados, para uma ou mais dormidas a clientes que muitas vezes eram funcionários públicos de passagem por Salvaterra. Não tinha refeições diárias, incluídas. Nas instalações do Ribatejano, dormiu o nadador Batista Pereira, quando nos seus treinos Alhandra-Salvaterra e volta, pelas águas do rio Tejo, preparando-se para atravessar o Canal da Mancha. Os matadores de toiros; Manuel dos Santos e Diamantino Viseu, entre outros artistas da tauromaquia, ali se instalaram, para se vestirem de trajes de luces, em dia de corrida de toiros em Salvaterra de Magos. A Pensão Liberdade/ ou do Leopoldino, tal como o Ribatejano situava-se na vila, no Largo dos Combatentes. Ainda existiam a Pensão Grilo e a Pensão Facha.Estas duas últimas na
avenida principal da vila, mais tarde com o nome Dr. Roberto Ferreira da Fonseca.A do Lepoldino, tinha uma sala de refeições no rés/chão com um pequeno espaço de taberna, uma outra sala para refeições estava no primeiro andar. Os quartos, desta Pensão situavam-se distantes num prédio na antiga rua S. Paulo, onde ali pernoitavam todo o tipo de viajantes, incluindo Agentes de Policia de Transito, da antiga Direcção Gral de Viação-DGV, que deixavam as suas motos, bem guardadas, num pequeno espaço, servindo de Adega daquela Pensão.
A Pensão Grilo, derivava dos proprietários terem aquela alcunha, chegando a terem uma sucursal, na vizinha vila de Benavente, num edifício ali próximo da ponte. A Pensão Facha,era uma pequena casa de refeições, junto à Cabana dos Parodiantes (antes Pastelaria Sol da Lezíria),para além de fornecer uma ou outra cama, a viajantes necessitados de uma reconfortante dormida, era gerida por Maria José Nunes (Facha), pois seu marido; José Facha era cobrador das carreiras.
Nas habitações dos prédios novos, tal como eram conhecidos (foi a primeira grande urbanização construída em Salvaterra de Magos, em terreno junto à Casa do Povo) nos anos 40, morada uma viúva, a Elisa Suissas, que alugava quartos, especialmente a professores e outras pessoas com estadia mais prolongada na vila.
Os caixeiros-viajantes,viajavam nos transportes públicos de passageiros, as conhecidas carreiras e, assentavam o negócio na vila por alguns dias, sempre acompanhados de muitas malas cheias de produtos, especialmente de tecidos, que apresentavam à clientela fazendo logo aí a venda. Para o seu negócio de Loja em Loja, usavam a preciosa ajuda do Lino, homem pequeno e já de idade avançada.
Este prestador de serviços ambulante, usava um pequeno carro de madeira, com rodas de ferro, pelas ruas empedradas da vila, e por ser tão pesado, fazia-o puxando-o colocando-se no meio dos dois pequenos varais. Diariamente, também fazia a distribuição de pequenos volumes que lhe entregavam na Central das Carreiras, para os diversos estabelecimentos da vila, a troco de algumas moedas. A meio da tarde o Lino, já não dava conta do recado, pois as paragens em todas as tab ernas, bebendo o seu copito de vinho tinto, tolhiam-lhe as forças e o raciocínio.
A Pensão Grilo, foi durante anos um afamado serviço de estalagem, que durou até que no inicio do séc.XXI, um casal de emigrantes da terra, tendo labutado em Inglaterra, regressou, tomando conta do imóvel, transformando-o na moderna e grande Residencial Estrela, hoje uma referencia em Salvaterra de Magos, na área das Residenciais, pondo à disposição da clientela, 000 camas, com serviço de pequeno-almoço.
Nota: Foto 1) - Pensão do Café Ribatejano * Foto 2) - Pensão Facha * 3) - Clientes da Taberna do Leopoldino * Foto 4) - Ruinas do edificio dos antigos quartos da Pensão Lealdade * Foto 5) - Novo edificio da Residencial Estrêla
JOSE GAMEIRO
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