Sábado, 6 de Dezembro de 2008

OS CASAMENTOS, EM CORTEJOS DE CARROÇAS ACABARAM!


 

 

  •  No dobrar do século passado, raro era o sábado que, não havia casamento foreiro em Salvaterra de Magos. Era de ver, as longas filas de carroças, com arcos coloridos de flores, umas naturais outras de papel que, chegavam ao Largo da Igreja. Os animais, com as suas guiseiras ao pescoço tilintavam os últimos sons que, decerto se ouviram em todo o percurso, desde os Foros até à vila. A música de um acordeon, acabava quando o acordeonista contratado para animar a festa durante o dia, recebia ordens porque a noiva já estava novamente ajaezada, com o véu branco na cabeça e, as flores de laranjeira, acompanhada dos pais e padrinhos, com o cortejo de familiares e amigos. O noivo, já a esperava à porta do templo religioso, pois tinha vindo noutro cortejo, também acompanhado de um acordeonista que tocava as suas modas de viras e corridinhos. O largo da igreja e ruas vizinhas ficavam "apinhadas" de carroças, alguns animais eram amarrados às árvores que por ali existiam.  Alguns dos convidados não entravam no templo religioso, aproveitavam o espaço da cerimónia, para se dispersarem, conversando aqui e ali, dando achegas sobre o tempo que fazia, ou das colheitas da época. Outros iam até à taberna do Morais, ali ao lado e, aí bebiam e davam de beber uns copos de vinho aos clientes presentes. Muita daquela clientela, era só naquele dia, para aproveitarem a oferta que sabiam ser uma certeza. Um cigarro também era distribuído por todos !
  •  
  • Algumas mulheres, aproveitavam para comprar amêndoas e rebuçados, nas lojas de que eram clientes, com avios para a casa, feitas à quinzena e pagamentos anuais, depois das colheitas do fim do Verão. Após a cerimónia, as duas comitivas, em cortejo único logo se preparavam para o regresso e, era aí que os rapazes, andavam devolta dos carros e recebiam a oferta daquelas doçarias,tiradas de "talegos" de pano bem guarnecidos de desenhos feitos a ponto-cruz.  A oferta continuava com "remessas" para o ar, com a vozearia dos rapazes correndo atrás das carroças e, os animais já numa marcha de trote.  

      O incitamento dos ocupantes confundiam-se com os acordes musicais e, os sons das guiseiras. A perseguição do rapazio durava até às cavalheiriças (1).  Com o decorrer dos anos, estas festas passaram a ser uma raridade, os cortejos foram substituídos com o buzinar de muitos automóveis, quanto entravam na vila. Na década de 80 do século passado, os casamentos em carroça, eram já uma recordação, até porque os Foros de Salvaterra, tinham passado a freguesia e uns vinte anos antes já tinham a sua Igreja.  Porque também eu, andei naqueles grupos dos rapazes, recordo esse tempo com saudade.

      

    Nota: Cavalheiriças = Cavalariças; Edifiçios que restavam dos anexos pertencentes ao extinto palácio real de Salvaterra

    * Fotos e Texto retirado do Livro Nº 2 Foros de Salvaterra – Uma terra que já foi coutada real (Colecção Recordar, Também é Reconstruir) *  Autor:José Gameiro

     


     JOSE GAMEIRO

     

     

     
  • publicado por historiadesalvaterra às 17:25
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