Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009

O ARANHOL DO JOSÉ RATO !

 

O terramoto de 1909, deu origem que Salvaterra de Magos, viesse a crescer para terrenos que o povo dizia ser “terras de baldio”, lá mais para sul da vila.  Naqueles sítios, abundava uma pequena floresta de eucaliptos, que desembocava junto à horta do sopas, construída para dar de comer à população por ocasião do sismo.
 
Por volta de 1920, por lá já existia um edifício hospitalar (1913) e uma praça de toiros. O Calvário, como era conhecido tinha cerca de 900 mts. (atravessava a vila de norte a sul), de terra batida pelos rodados dos carros puxados a animais, era bastante larga, ia servindo de arruamento às novas construções que iam aparecendo.   Numa réstia de eucaliptos que por ali ainda existia, podia ver-se o pelourinho ( uma cruz e base de pedra), que vinha do tempo dos reis, fora retirado para limpeza daqueles terrenos.   A cruz, foi colocada no cemitério local.
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nos últimos anos do séc. XIX, tinha sido construída naqueles terrenos, uma grande adega, que tinha agora de frente o muro do hospital, era seu proprietário o lavrador Francisco Ferreira Lino.   Não desmerecia de uma outra, que a casa Roquette, possuía.
 A família Freire, também tinha naquelas bandas, grandes espaços, eram os currais de gado (1).   Por volta de 1945, aquela estrada deu lugar a uma avenida, moderna para a época, que recebeu o nome de Vicente Lucas de Aguiar, antigo presidente da câmara municipal (2).
 
 
 
 
Num dos cruzamentos daquela avenida, na rua Dr. Gregório Fernandes, o Dr. José Henriques Lino, em 1948, agora proprietário da casa agrícola que fora de seu pai, transformou um grande armazém, em taberna.    Era uma inovação entre os agricultores/viti-vinicultores, para escoarem o vinho; vendido a copo e ao garrafão. Naquela travessa de ruas, as mulheres rurais encontraram sitio para a sua “praça da jorna”, local onde esperavam por trabalho, desde a tarde de domingo e muitas vezes segunda-feira de manhã.
 Levavam os filhos (rapazes e raparigas) de pouca idade, que por ali se entretinham a brincar.   Minha mãe, tal como as outras mulheres, muitas vezes iam ao “Armazém do Dr. Lino”, comprar pevides ou tremoços para os meninos. 
 
  Cada medida, um pequeno copo de vidro, custava 2 tostões.   O José Rato, velho adegueiro velho daquela casa agricola, pessoa muito estimada entre os seus pares, transportava os barris de vinho e aguardente, num esquisito carro construído em ferro, que chamavam “Aranhol”.     Nós o rapazio, lá nos dependurávamos nele, com a conivência do condutor, até porque o percurso era curto.
 
**********
(1) - Os dois currais (um de cada lado da rua), tinham nascente de àgua * Numa dessas nascentes, existia uma bomba de àgua, com roda de ferro, onde a população se abastecia (fui lá muita vez com minha mãe buscar um pote de àgua), no outro lado, existia a mãe-de-água, que abastecia o Fontanário existente junto à câmara * Mais tarde, estes espaços deram lugar as grandes construções de habitação, onde no piso do chão foram instalados instituições bancárias.
(2) - A pedra tumular, em 1964, ainda se encontrava no antigo cemitério da capela real * A avenida, por volta de 1980, passou a ser conhecida: Dr. Roberto Ferreira da Fonseca, outro antigo autarca.
 
Nota:  Na Adega, durante muitos anos foi ali que se realizavam os leilões, dos produtos oferecidos pelos lavradores e gente anónima do concelho, à Misericórdia de Salvaterra * No dobrar do dobrar do séc.XX, ainda existiam cortejos de oferendas, que nornalmente era no Dia S. Martinho, fim da faina agricola anual.
 
JOSÉ GAMEIRO
 
 
 
publicado por historiadesalvaterra às 18:59
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